O dia que um bilionário fez um seguro de vida

Felipe M Passero, CFA, LinkedIn, 26/06/2017

Se você fosse um bilionário jovem, desses empreendedores do Vale do Silício, seguramente teria um iate. Ou vários iates. Teria um avião particular. Ou vários aviões privados. Teria carros esportivos, uma casa cinematográfica e serviria champanhe Pol Roger para receber seus amigos no dia-a-dia.


Mas a última coisa que você contrataria seria um seguro de vida. Porque seguro de vida é coisa de quem não tem o que deixar de herança, certo? Errado!


De fato, em 2014 um bilionário do Vale do Silício pagou alguns milhões para ter uma apólice com um capital segurado de 201 milhões de dólares.


Os motivos são vários para que nosso personagem tenha tomado tal decisão. O primeiro deles é tributário. Tais seguros não são objeto de inventário, não incidindo imposto de herança.


Outra vantagem: não são objeto de bloqueio judicial. E isso faz muito sentido se pensarmos que existem seguros resgatáveis. Ou seja, se o empresário falir e tiver dezenas de processos, ele ainda pode ter uma reserva financeira que é impenhorável.


Dentro do planejamento financeiro pessoal, não perder dinheiro é tão importante quanto ganhar dinheiro. E não perder dinheiro significa se proteger dos “cisnes negros” — não a peça de Tchaikovsky, mas aqueles descritos por Nassim Taleb. Signifca proteger-se dos “riscos de cauda”, daqueles eventos onde dá tudo errado e onde a perda é muito grande, apesar da baixa probabilidade de acontecer.


O maestro João Carlos Martins é um dos músicos mais talentosos do mundo. Salvador Dalí considerava o pianista brasileiro o maior intérprete de Bach da história. E sofreu sucessivos acidentes que comprometeram os movimentos das mãos. E se você tiver alguma paralisia que impeça de trabalhar? E se você tiver uma doença grave e acabe gastando, no tratamento, o dinheiro da faculdade dos seus filhos ou o valor que usaria para comprar sua casa? Por mais bem sucedido profissionalmente que você seja, sempre haverá o inesperado. O quanto você está disposto a pagar para não ter que se preocupar com tudo isso?


No próximo artigo falarei dos bons e dos maus seguros de vida e de suas implicações para o planejamento financeiro pessoal e os impactos de tais opções para trajetória entre a sua situação hoje, seu trabalho hoje e seus objetivos e sonhos futuros.


Felipe M Passero, CFA