Seis passos que você precisa conhecer para gerir suas finanças pessoais

Felipe M Passero, CFA, LinkedIn, 29/03/2018

Mais de 90% dos brasileiros não planeja sua aposentadoria e ficará à mercê do INSS, que já acumula um déficit atuarial de 3,2 trilhões de reais, ou 60% do nosso PIB. A opção de não fazer um bom planejamento financeiro pessoal é, portanto, uma aposta muito arriscada. É contar com a sorte de ter um bônus demográfico muito pouco provável. Mesmo que você tenha um bom emprego e um bom salário, isso não é garantia de ter um futuro tranquilo.


Pensando nisso, pensamos o planejamento financeiro em seis passos.


1 — Gestão financeira pessoal


Esta etapa é aquela onde a pessoa entende o quanto ganha e o quanto gasta por mês. O objetivo é mapear os gastos fixos e variáveis e organizar de tal forma que consiga poupar uma parte da sua renda, a depender da etapa de vida. Nesta parte fica estabelecido seus objetivos financeiros. São exemplos:


Aposentar com quantos anos?

Ter uma renda de quanto?

É plausível trabalhar part time na aposentadoria?

Compra de uma casa

Pagar uma faculdade para os filhos


Uma vez estabelecidos os objetivos e entendido os ganhos e gastos da família do cliente, o assessor vai estabelecer o quanto de capital é preciso para alcançar cada um dos objetivos.


2 — Gestão de riscos


Esta etapa consiste em mapear os fatores de risco. Tão importante quanto ganhar dinheiro é saber não perder dinheiro. Por isso mapeamos os riscos e propomos soluções de proteção. Uma boa ferramenta é o uso de boas soluções de compra de capital para situações não desejáveis. Proteção para doenças graves, invalidez por acidente, doença, morte etc.


3 — Gestão de investimentos


Tão importante quanto o cliente saber poupar, é importante também saber como investir sua poupança. Nesta etapa entra a plataforma da XP investimentos. Temos a maior plataforma de produtos do mercado. Cabe ao assessor fazer uma leitura do cenário macro econômico, estabelecer os elementos de retorno, e alocar em função do cenário e dos objetivos do cliente. Também entra nessa etapa considerações sobre proteção. Um cliente com uma boa gestão de risco pode alocar numa carteira mais agressiva, gerando retornos maiores. Um cliente menos protegido precisa ter uma alocação maior em liquidez, comprometendo a geração de retorno a longo prazo.


A abordagem de alocação é Top down. Estabelecemos os percentuais da carteira em ativos que trazem resultados no longo prazo e em ativos de liquidez. Dentro do grupo de ativos de longo prazo, o assessor irá procurar subdividir em classes de ativos. Ações, crédito, multimercado, fundos imobiliários, estratégias com moedas, títulos securitizados, entre outros.


A parte de liquidez também é importante. O assessor deve procurar um bom produto de liquidez. No longo prazo, a diferença entre uma rentabilidade de 105% do CDI para uma rentabilidade de 90% do CDI de muitos produtos bancários — não vou nem falar de caderneta de poupança — pode representar uma viagem a mais no final do ano.


Investimento no exterior


Vale a pena pensar em diversificação em moedas. O Brasil é 3% da economia mundial. O Piauí está para o Brasil assim como nosso país está para o mundo. Muitos clientes procuram soluções de investimento no exterior, visando tanto proteção dos problemas que temos na nossa economia quanto diversificação de retorno. Se você pudesse escolher ter, daqui a 20 anos, em valores nominais, um milhão de reais ou cem mil dólares? O poder de compra do dólar se mantém mais estável ao longo do tempo se comparado ao real.


4 — Planejamento de aposentadoria


Devemos planejar adequadamente a aposentadoria. Uma porcentagem muito pequena da população brasileira o faz e geralmente acaba trabalhando por mais tempo para manter seu padrão de vida. A pergunta aqui é: quanto de capital você vai precisar ter para gerar um retorno real líquido — subtraído de inflação e impostos — capaz de custear o padrão de vida. Muita gente acha que está poupando o suficiente para este objetivo. Mas a realidade mostra que é difícil ter um retorno real líquido consistente. E também mostra que muitas vezes é preciso de um capital maior do que aquele que se imagina.


5 — Planejamento tributário


Este trabalho consiste em alocar seu patrimônio, seja investimento, seja imóveis, sejam empresas, de forma a otimizar os impostos. Nessa parte cabe uma discussão sobre PGBL, VGBL, alíquotas de imposto dos investimentos etc.


6 — Planejamento sucessório


O cliente deve buscar soluções para que sua herança seja transmitida da maneira mais adequada. Vale a pena pensar em alavancagem de patrimônio via seguro de vida, estimativa dos custos de inventário. Soluções como previdência VGBL são ferramentas de planejamento sucessório. Há clientes que planejam deixar um determinado patrimônio para seus herdeiros. Neste momento, um bom assessor é capaz de mapear se a realidade se alinha com esta expectativa e quais soluções podem ser tomadas.


Felipe M Passero, CFA